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Eu sou o H. e sou um adito em recuperação.

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O meu primeiro contacto com as drogas foi por volta dos 16/17 anos, com as chamadas drogas leves (que de leves nada têm, são drogas ponto).

Hoje, com 43 anos de vida, afirmo que estou na melhor fase da minha vida. Hoje consigo estar comigo, consigo entender-me e, acima de tudo, aceito minha condição de adito.

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Grande parte da minha vida tive comportamentos destrutivos para comigo e com os outros, fui imaturo e irresponsável, tinha um orgulho doentio acerca de mim mesmo e, perdia-me muitas vezes nas várias personagens que encarnava mediante as situações que me apareciam.

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Terminei o meu uso de drogas na rua, sozinho e só falava comigo mesmo. Deambulava pelas ruas da cidade e não sabia para onde ia. Após este percurso longo de levanta e cai, de conquista e destrói, de não aceitação da minha pessoa...hoje faz-me sentido falar de recuperação e da “nova” vida que me deram o direito de a viver.

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Antes de mais, serei eternamente grato a toda a equipa da ReCare.

 

Como em tudo na vida, consegui mais empatia com uns do que com outros, mas o “TODO” ganhou e esta equipa ajudou a fazer de mim a pessoa que sou hoje.

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Hoje consigo identificar o que me faz menos bem e peço ajuda, porque sozinho não consigo ultrapassar tudo. Deixei de me armar em super-herói. Preciso de ajuda.

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Hoje tenho uma rede de suporte imensa pois o meu processo na ReCare foi apenas foi o início desta longa viagem.

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Estou muito envolvido nas reuniões de Narcóticos Anónimos, algo que para mim é fundamental para que minha qualidade de vida se mantenha, para que eu consiga perceber-me, dia a após dia, para que eu receba Amor, para que eu ajude um recém-chegado e ver onde eu já estive e Só Por Hoje não quero nem vou lá voltar.

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Como disse, terminei sozinho a usar drogas, mas hoje tenho muita gente ao meu redor. Hoje recebo chamadas a perguntarem como estou, mensagens de bom dia de pessoas que se preocupam comigo e que gostam de mim da forma como sou.

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Para mim, estar em recuperação é muito mais que apenas não usar drogas, para mim é colocar em prática um programa que me foi incutido, fazer reuniões de NA, ser responsável, dar e receber AMOR, no fundo são alguns dos valores que minha família me tentou passar desde pequeno, mas a minha rebeldia impediu-me de os seguir.

 

Hoje, costumo apenas questionar uma coisa, a minha cabeça, pois continuo a ter pensamentos muito loucos e fora da caixa, mas as minhas ações ditam o que sou hoje.

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O meu processo de autodescoberta tem sido fantástico, tem sido uma viagem acompanhada por muitas pessoas diferentes de mim, mas com o mesmo propósito.

 

Considero-me um milagre pois até o suicídio tentei (felizmente falhado), hoje posso dizer que me aceito tal como sou com qualidades e defeitos.

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Agradeço a quem sempre me acompanhou e ajudou mesmo que por vezes tivessem de usar o Amor firme e fechar-me a porta.

 

Quem me rodeia sabe bem o que passou comigo, quem me rodeia sabe bem no que me tornei hoje.

Sem eles tudo era mais difícil.

Obrigado.

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“Um adito grato não recai...”

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H.V. adito em recuperação