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Codependência… quando o amor nos aprisiona!

Foto do escritor: ReCareReCare


É comum relacionarmos o amor com um sentimento forte de carinho, afeto, partilha, respeito mútuo e com o anseio de ser desejado e de se sentir necessário, por alguém especial.


Mas, para alguns, um relacionamento pode transformar-se numa experiência infernal!

Nas relações de dependência emocional (ou codependência) existe um excesso de carência, em que, frequentemente um dos intervenientes anula sua personalidade para agradar o outro. Estas, são situações em que alguém tenta a todo o custo fazer o relacionamento funcionar, com outra pessoa que está emocionalmente indisponível.


Neste caso, o próprio relacionamento torna-se mais importante para a pessoa, do que ela mesma. Isto pode indicar graves problemas emocionais!

O conceito de codependência, surgiu em Portugal no final dos anos oitenta. Esta palavra foi originalmente usada para se referir àquelas pessoas fortemente ligadas emocionalmente a indivíduos dependentes de substâncias (álcool ou drogas) ou tinham comportamentos problemáticos e destrutivos (dependências comportamentais ou perturbações de personalidade).


A preocupação com a pessoa problemática, torna-se geralmente numa obsessão, e toda a sua energia passa a girar em torno do cuidar, controlar e resolver a vida do outro, negligenciando muitas vezes o seu próprio autocuidado e a sua vida. Estas relações acabam por reforçar o comportamento patológico dessa pessoa, ao contrário de ajudá-la a recuperar.


Várias pesquisas demonstraram que diversos grupos de pessoas são mais propensos a desenvolver estes comportamentos:

  • Familiares de adictos, pessoas que mantêm um relacionamento com pessoas mental ou emocionalmente perturbadas, pessoas que se envolvem em um relacionamento com uma pessoa cronicamente doente.

  • Pais de crianças com problemas comportamentais, profissionais prestadores de cuidados, como enfermeiras e conselheiros.

  • Adictos que entraram em recuperação e que descobriram que eram co dependentes, mas que provavelmente já o eram muito antes de desenvolver a adição.

A codependência é uma condição emocional, psicológica e comportamental que se expressa como resultado de uma série de regras de limitação da liberdade. Muitos indivíduos que se tornam dependentes emocionalmente, possuem a falsa crença de que sua felicidade depende da pessoa que tentam ajudar, sendo excessivamente permissivos, tolerantes e compreensivos com os abusos do outro.

Acredita-se que o co dependente é uma pessoa que possui uma baixa autoestima e um empobrecido autoconceito.


Consequentemente, negligencia as suas próprias necessidades, desejos e emoções, sentindo assim uma enorme dependência afetiva dos outros. É comum desenvolverem-se duplos vínculos, onde os relacionamentos se tornam disfuncionais.

Esta condição, está assim relacionada com várias formas de abuso físico, emocional e em alguns casos sexual.

Para ajudar a resumir, podemos identificar as principais dificuldades e características das pessoas com este tipo de problema:

  • Possuem dificuldade em gerir e reconhecer as suas próprias emoções, necessidades, desejos vontades, etc.

  • Têm dificuldade ou incapacidade de reconhecer e compreender a sua própria realidade (negação, racionalização, ilusão);

  • Possuem dificuldade em estabelecer limites saudáveis nos relacionamentos afetivos, de intimidade e compromisso;

  • Têm dificuldade em reconhecer e responsabilizar-se pelo próprio comportamento disfuncional.

  • Possuem dificuldade em utilizar competências de controlo emocional e comunicar assertivamente.

  • Sentem-se obrigados a ajudar os outros a resolver os problemas (dando conselhos que não foram pedidos, oferecendo sugestões ou equilibrando emoções).

  • Consideraram-se e sentem-se responsáveis pela outra pessoa - pelos seus sentimentos, pensamentos, ações, escolhas, desejos, necessidades, bem-estar, falta de bem-estar e até pelo seu destino.

  • Desenvolvem um sentimento artificial de autoestima quando ajuda os outros, estando sujeitos a enormes sentimentos de dever e culpa;

  • Evocam o amor e paixão, mas baseiam a relação em jogos psicológicos e controlo disfuncional;

  • Utilizam o sexo para obter aprovação e aceitação;

  • Procuram a felicidade fora de si mesmas, nomeadamente nos relacionamentos;

  • Dependem da aprovação dos outros para formação da sua própria identidade e autoconceito;

  • Mantêm relações que não funcionam e sentem-se presos em relacionamentos;

  • Quando se afastam de relações disfuncionais, tendem a procurar novos relacionamentos que também não funcionam.

  • Ameaçam, imploram e manipulam;

  • Possuem dificuldade em valorizar-se e sentir-se merecedores/as de amor.

  • Acham que não são bons o suficiente e sentem-se ameaçados em situações de uma possível perda, rejeição, separação, luto, o divórcio ou frustração.


Estes comportamentos, estão na base de crenças irracionais, de sentimentos e comportamentos disfuncionais, de um pavor do abandono e da solidão. Para a pessoa co dependente, ter de se confrontar com o seu próprio “vazio” é de tal modo ameaçador, que se socorre de todos os meios de modo a fazer com que os outros preencham esta grave lacuna, absorvendo aprovação e amor. Paradoxalmente, temem a intimidade e a partilha saudável de sentimentos e carinho, possuindo assim dificuldade em conseguir reconhecer e receber amor genuíno.


A codependência, tal como todas as outras dependências, necessita muitas vezes de acompanhamento especializado. O primeiro passo é reconhecer o problema.


Posteriormente, é fundamental romper o ciclo da codependência através da identificação de crenças irracionais e da modificação comportamentos disfuncionais. É muito importante que o codependente procure ajuda especializada para desenvolver seu autoconhecimento, trabalhar questões que podem ter ajudado no surgimento desta condição, resgatar a sua autoestima, permitindo o desenvolvimento de relações mais saudáveis baseadas na confiança e autonomia.


Se tem consciência de que está num relacionamento de codependência, por favor procure ajuda!

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