![](https://static.wixstatic.com/media/ac3cee_2f2410ebeaf246eeb1556c2f8641d787~mv2.jpg/v1/fill/w_980,h_784,al_c,q_85,usm_0.66_1.00_0.01,enc_avif,quality_auto/ac3cee_2f2410ebeaf246eeb1556c2f8641d787~mv2.jpg)
É comum relacionarmos o amor com um sentimento forte de carinho, afeto, partilha, respeito mútuo e com o anseio de ser desejado e de se sentir necessário, por alguém especial.
Mas, para alguns, um relacionamento pode transformar-se numa experiência infernal!
Nas relações de dependência emocional (ou codependência) existe um excesso de carência, em que, frequentemente um dos intervenientes anula sua personalidade para agradar o outro. Estas, são situações em que alguém tenta a todo o custo fazer o relacionamento funcionar, com outra pessoa que está emocionalmente indisponível.
Neste caso, o próprio relacionamento torna-se mais importante para a pessoa, do que ela mesma. Isto pode indicar graves problemas emocionais!
O conceito de codependência, surgiu em Portugal no final dos anos oitenta. Esta palavra foi originalmente usada para se referir àquelas pessoas fortemente ligadas emocionalmente a indivíduos dependentes de substâncias (álcool ou drogas) ou tinham comportamentos problemáticos e destrutivos (dependências comportamentais ou perturbações de personalidade).
A preocupação com a pessoa problemática, torna-se geralmente numa obsessão, e toda a sua energia passa a girar em torno do cuidar, controlar e resolver a vida do outro, negligenciando muitas vezes o seu próprio autocuidado e a sua vida. Estas relações acabam por reforçar o comportamento patológico dessa pessoa, ao contrário de ajudá-la a recuperar.
Várias pesquisas demonstraram que diversos grupos de pessoas são mais propensos a desenvolver estes comportamentos:
Familiares de adictos, pessoas que mantêm um relacionamento com pessoas mental ou emocionalmente perturbadas, pessoas que se envolvem em um relacionamento com uma pessoa cronicamente doente.
Pais de crianças com problemas comportamentais, profissionais prestadores de cuidados, como enfermeiras e conselheiros.
Adictos que entraram em recuperação e que descobriram que eram co dependentes, mas que provavelmente já o eram muito antes de desenvolver a adição.
A codependência é uma condição emocional, psicológica e comportamental que se expressa como resultado de uma série de regras de limitação da liberdade. Muitos indivíduos que se tornam dependentes emocionalmente, possuem a falsa crença de que sua felicidade depende da pessoa que tentam ajudar, sendo excessivamente permissivos, tolerantes e compreensivos com os abusos do outro.
Acredita-se que o co dependente é uma pessoa que possui uma baixa autoestima e um empobrecido autoconceito.
Consequentemente, negligencia as suas próprias necessidades, desejos e emoções, sentindo assim uma enorme dependência afetiva dos outros. É comum desenvolverem-se duplos vínculos, onde os relacionamentos se tornam disfuncionais.
Esta condição, está assim relacionada com várias formas de abuso físico, emocional e em alguns casos sexual.
Para ajudar a resumir, podemos identificar as principais dificuldades e características das pessoas com este tipo de problema:
Possuem dificuldade em gerir e reconhecer as suas próprias emoções, necessidades, desejos vontades, etc.
Têm dificuldade ou incapacidade de reconhecer e compreender a sua própria realidade (negação, racionalização, ilusão);
Possuem dificuldade em estabelecer limites saudáveis nos relacionamentos afetivos, de intimidade e compromisso;
Têm dificuldade em reconhecer e responsabilizar-se pelo próprio comportamento disfuncional.
Possuem dificuldade em utilizar competências de controlo emocional e comunicar assertivamente.
Sentem-se obrigados a ajudar os outros a resolver os problemas (dando conselhos que não foram pedidos, oferecendo sugestões ou equilibrando emoções).
Consideraram-se e sentem-se responsáveis pela outra pessoa - pelos seus sentimentos, pensamentos, ações, escolhas, desejos, necessidades, bem-estar, falta de bem-estar e até pelo seu destino.
Desenvolvem um sentimento artificial de autoestima quando ajuda os outros, estando sujeitos a enormes sentimentos de dever e culpa;
Evocam o amor e paixão, mas baseiam a relação em jogos psicológicos e controlo disfuncional;
Utilizam o sexo para obter aprovação e aceitação;
Procuram a felicidade fora de si mesmas, nomeadamente nos relacionamentos;
Dependem da aprovação dos outros para formação da sua própria identidade e autoconceito;
Mantêm relações que não funcionam e sentem-se presos em relacionamentos;
Quando se afastam de relações disfuncionais, tendem a procurar novos relacionamentos que também não funcionam.
Ameaçam, imploram e manipulam;
Possuem dificuldade em valorizar-se e sentir-se merecedores/as de amor.
Acham que não são bons o suficiente e sentem-se ameaçados em situações de uma possível perda, rejeição, separação, luto, o divórcio ou frustração.
Estes comportamentos, estão na base de crenças irracionais, de sentimentos e comportamentos disfuncionais, de um pavor do abandono e da solidão. Para a pessoa co dependente, ter de se confrontar com o seu próprio “vazio” é de tal modo ameaçador, que se socorre de todos os meios de modo a fazer com que os outros preencham esta grave lacuna, absorvendo aprovação e amor. Paradoxalmente, temem a intimidade e a partilha saudável de sentimentos e carinho, possuindo assim dificuldade em conseguir reconhecer e receber amor genuíno.
A codependência, tal como todas as outras dependências, necessita muitas vezes de acompanhamento especializado. O primeiro passo é reconhecer o problema.
Posteriormente, é fundamental romper o ciclo da codependência através da identificação de crenças irracionais e da modificação comportamentos disfuncionais. É muito importante que o codependente procure ajuda especializada para desenvolver seu autoconhecimento, trabalhar questões que podem ter ajudado no surgimento desta condição, resgatar a sua autoestima, permitindo o desenvolvimento de relações mais saudáveis baseadas na confiança e autonomia.
Se tem consciência de que está num relacionamento de codependência, por favor procure ajuda!
Comments